quarta-feira, setembro 29, 2004

Gostava de te pintar a face num quadro só meu, mas então lembro-me que tu és assim... livre. Voas sem saber onde páras nem de onde vens. Atravessas frios campos sem te aperceberes do rasto que deixas no teu trilho e voltas aqui para me olhares e deixares-me cair da solidão dos meus dias. Dás-me um gosto do teu beijo para poder me lamentar ao ver-te partir e sentir-me preso no tempo que passo sem te ter.
Liberdade... liberdade para mim é poder beijar-te sem pedir perdão, é abraçar-te fortemente com a mesma naturalidade do respirar e dizer-te tudo isto sem ter de virar o olhar depois...

sábado, setembro 25, 2004

Hoje houve alguém que chorou no meu ombro.
É algo bastante forte... Acho que procuramos com tanta força palavras que possam minimizar a dor dessa pessoa, que a façam ter força, superar, mas no final acabamos por ficar sempre com a ideia de que podíamos ter dito muito melhor.
Tentamo-nos colocar na posição oposta, e sabemos que se isso acontecesse possivelmente as palavras não iriam ajudar muito, no fim de contas são meras palavras. O que desejamos mesmo são soluções para os nossos problemas, uma luz ao fundo do túnel. As palavras são demasiado efémeras. Eu sei disso, mas então o que fazer nessas alturas, não tendo soluções, senão recorrer a elas?
Só houve uma vez que chorei verdadeiramente de emoção, de tristeza, de incompreensão, quase que de desespero. E soube-me bem, senti-me um pouco mais livre, como se todos os sentimentos revoltos que tinha se libertassem e se atenuassem. Pena que também isso seja efémero, no dia seguinte voltamos a acordar para a dura realidade.
Gostava de ter sido a tua solução, gostava que não fosse necessário voltares a chorar, infelizmente não sei como... *

Às vezes assaltam-me todas aquelas estradas,
Todos aqueles quilómetros
Todas aquelas falésias e paisagens infindáveis
Todas as tuas faces, as tuas fotografias
Todos os mares, praias e rios
Todos os momentos, locais, tempos
Tudo isto desapareceu, foi levado pela tua ausência
São agora marcas, cicatrizes que dóiem para que não me esqueça
Daquilo que foste, daquilo que destruiste
E para que não mais eu cometa a audácia e pensar que o amor pode durar para sempre...

Às vezes gostava de ser como tu, de poder largar assim facilmente...
De poder deixar de dar importância, de esquecer e não olhar para trás.
Gostava de me poder desprender como uma folha no Outono.
Partir, levado pelo vento, em direcção a novos e incertos destinos
Sabendo que não poderei voltar ao local de onde vim.
Para ti parece tudo tão simples...
Basta um adeus...

Fiz algumas alterações aqui ao blog... agora está em português (pelo menos a data e hora) e agora já dá pra deixarem comentários... não que valha a pena, mas pronto, assim já podem dizer mal à vontade que eu vou lá ver...

sexta-feira, setembro 24, 2004

Às vezes andamos a enganarmo-nos a nós próprios. Algumas vezes só nos apercebemos mais tarde, quando levamos com as consequências e "acordamos" para a realidade, mas, para mim, a mais interessante e revoltante forma de nos andarmos a enganar é quando já sabermos disso desde o início. Ou seja, andamos a aguentar uma situação que sabemos que está errada e não vai dar certo, ou então atiramo-nos de cabeça para o precipicio no qual sabemos perfeitamente que não existe nenhuma rede para nos amparar... O que é que nos leva a abandonar a razão por uma coisa que sabemos que não têm lógica nenhuma? A esperança de um milagre? O desespero? O não encontrar mais nenhuma alternativa? A pressão de uma sociedade que nos rodeia e nos estrangula de imposições?
Acho que grande parte das vezes procuramos adiar o inevitável... Ter um pouco mais daquele momento que nos ficou na memória e tentar fazer mais um esforço para que ele se prolongue no tempo. Procuramos algo que tranquilize o nosso revolto espírito, algo que nos faça sentir bem, mesmo que seja apenas por meros instantes...

quarta-feira, setembro 22, 2004

Diz-me um local e eu irei
Diz-me um gesto e eu farei
Diz-me uma palavra e eu a direi por ti.
Adormeço em lençóis tingidos de sentimentos e juras desvanecidas.
Perdi-te algures no espaço e no tempo de um olhar.

domingo, setembro 19, 2004

Se o meu dia navegasse pelas ondas do passado
Gostava de poder abraçar o dia em que te conheci
Adormecer nesse momento e aí permanecer
Num misto de sonho e realidade
Deito-me em campos de amoras silvestres
Descanso sobre as minhas feridas
Que sangram por dentro pela tua face
Pela ausência e silêncio
Marca-me a praia, marcam-me as noites, os dias, as viagens, os locais.
Dóiem-me as palavras,
Ferem-me os espinhos de campos de silvas
Onde caminho todos os dias
Morro um pouco todos os dias
Nesta prisão de paredes gélidas e escuras
Onde me abandonaste à sorte da raiva e do desespero
Arrancaste-me o brilho do meu olhar
Levaste todo o meu doce sentimento
Entreguei-te todo o meu ser
E agora ele jaz morto neste rio de lágrimas e memórias
Recordo-me dos teus lábios, da tua pele macia
Do teu olhar doce, do teu jeito de criança
Da simplicidade das tuas palavras e do teu mundo
Da areia no teu corpo naquela praia em que te deixei entrar no meu mundo
E do frio da outra praia em que tudo terminou...

Se eu tivesse voz, cantar-te-ia esta...


Não posso deixar que te leve o castigo da ausência
Vou ficar a esperar e vais ver-me lutar para que esse mar não nos vença
nao posso pensar que esta noite adormeço sozinho
vou ficar a escrever e talvez vá vencer o teu longo caminho
eu quero que saibas que sem ti nao há lua
nem as arvores crescem ou as maos amanhecem entre as sombras da rua
leva os meus braços, esconde-te em mim
que a dor do silêncio contigo eu venço num beijo assim...

Não posso deixar de sentir-te na memória das mãos
vou ficar a despir-te e talvez ouça rir-te nas paredes, no chão
não posso mentir que as lágrimas são saudades do beijo
vou ficar mais despido que um corpo vencido perdido em desejo
eu quero que saibas que sem ti nao há lua
nem as arvores crescem ou as maos amanhecem entre as sombras da rua
leva os meus braços, esconde-te em mim
que a dor do silêncio contigo eu venço num beijo assim...

P. Abrunhosa

quinta-feira, setembro 16, 2004

Não... não tencionas estar aqui... e eu também me fartei de esperar...

quarta-feira, setembro 15, 2004

Tencionas estar aqui?
Onde o tempo não passa por nós e as cinzas são levadas pelo sopro do teu beijo.
Onde eu posso finalmente contemplar os teus cabelos batidos pelo vento, parecendo querer fugir, levar-te para terras, que só eu imagino, de beleza apenas comparável com o infantil e doce fechar dos teus olhos...

sábado, setembro 11, 2004

Hoje apetecia-me contemplar o nascer do sol... E imaginar-te aqui ao meu lado, o teu olhar triste e longínquo a observar o horizonte. Eu olhava-te, como se tu fosses a resposta para tudo,aquele ente supremo que está acima de todos os problemas mundanos e insignificantes quando comparados com um doce tocar da tua mão sobre a minha.

Não procuro o teu amor... Só o prazer da tua presença, de poder ver a forma como docemente te moves como se fosses uma pequena folha caída embalada pela brisa quente de um final de tarde de verão. Só com o teu falar as palavras ganham um novo esplendor e, quando caminho contigo, parece que todo o mundo que nos rodeia desaparece pela tua luz...

São estas pequenas coisas que ninguém e, possivelmente, nem tu entendes, que trazem um novo alento ao meu coração e uma doce nostalgia ao meu dia...

sexta-feira, setembro 10, 2004

Navego por este mar
Longínquo de palavras
Que me definem e nada dizem.

A tua imagem assalta-me a mente
Como um doce trovão
E tal como o dia tarda a nascer
Assim é o momento de te ver.

Os segundos passam a minutos,
Os minutos viram horas,
As horas em dias....
E dias e dias sem te ver
São como mil punhos,
que apertam o meu coração

Longas semanas de verão...
Duros anos pelo meu sentimento.

segunda-feira, setembro 06, 2004

Amor é navegar
Na melodia do vento
Na brisa suave do teu beijo

É procurar nos cristais matinais
O brilho doce do teu olhar
E em floridos campos
O aroma envolvente do teu corpo

É sentir-te sem te tocar
É observar-te sem te ver
E sofucar precisando de ti
É viveres dentro de mim
Assaltando-me como o som de um trovão
Despertando-me e adormecendo-me

Adormeço e acordo contigo
Mas tu não te encontras aqui...

sexta-feira, setembro 03, 2004

"Vazio"
vazio é sentir sem saber o que se sente
é sentir o que não se quer sentir
e não conseguir sentir o que se quer
é estar aqui querendo estar ali
é não saber onde se pertençe
é um desejo por concretizar
é um sonho jogado brutalmente à frieza da realidade
é uma palavra que cai no esquecimento
é amar perdidamente alguém que não nos ama
é a raiva perante a impotência de qualquer acção
vazio é não estar vazio é estar cheio de algo que não sei definir

"Tudo"
tu e apenas tu és tudoa vida faz sentido.
o nevoeiro dissipa-se,
as estradas curvas tornam-se rectas,
acalmas o mar e limpas o céu
onde milhares de estrelas parecem brilhar só por ti.
tornas belos os momentos tristes
só por existires, só por me olhares.
contigo os piores males perdem importância,
as doenças tornam-se curas
e tu, apenas tu que és tudo, consegues preencher o vazio.