ONDE?

Onde o destino me encontra
Nas teias do passado,
Onde os caminhos percorridos
Se entrelaçam no presente.

Onde tu vives e sonhas
E prendes-me a ti,
Onde eu te chamo
E tu não me respondes.

Onde uma brisa te beija
E me traz um pouco de ti,
Onde o reflexo da luz
Não atinge a sombra da alma.

Onde o sentimento de não te ter
Aperta até à exaustão,
Onde a mão da solidão
Te abraça e consome.

Onde eu existo e tu faltas,
Como um mar que secou
Onde o sol queima as areias
De um sonho trazido pelo vento...

Desprende-me desta prisão e dá-me esse mundo de memórias que era eu, e que eu gritei sem ninguém me ouvir. Faz-me brilhar como antes. Deixa-me levantar os olhos e olhar-me, e procurar naquilo que sou algo de que já fui e encontrar nesse pedaço de mim a esperança para me erguer.

O meu mundo?

O meu mundo é agora um quarto sem janelas
Negra prisão sem grades
Onde dia após dia me encerro
Viajando pelas minhas memórias
Escondo a dor debaixo do rosto

Deslumbro a luz que me cega
Que me banha a face
E retorno à noite
Sento-me aqui, na paz do pensamento,
Palavras fogem,
Perdido o significado,
Apenas o eu permanece.
O absurdo do que oiço,
Do que vejo e do que sinto
Cresce a raiva dentro de mim
Abandono o meu caminho
Para me poder encontrar

a vida é uma imensidão que ninguém consegue alcançar
é um soma de pequenos infinitos que se traçam à nossa volta
de histórias e momentos e coincidências que se cruzam e entrecruzam
de caminhos de vários "alguém" que se tocam em algum ponto
de palavras e pequenas decisões que mudam o mundo
impressões e barreiras, de facilidades que sao dificeis
e de dificuldades que se tornam fáceis...
de vontades, impulsos, erros, certezas e incertezas
de deitar fora o que se tem e querer o que não se pode ter
é assim a vida humana, tão confusa, tão incompreensível...
tão cheia de tudo e com tantos nadas que fazem toda a diferença...