domingo, setembro 19, 2004

Se o meu dia navegasse pelas ondas do passado
Gostava de poder abraçar o dia em que te conheci
Adormecer nesse momento e aí permanecer
Num misto de sonho e realidade
Deito-me em campos de amoras silvestres
Descanso sobre as minhas feridas
Que sangram por dentro pela tua face
Pela ausência e silêncio
Marca-me a praia, marcam-me as noites, os dias, as viagens, os locais.
Dóiem-me as palavras,
Ferem-me os espinhos de campos de silvas
Onde caminho todos os dias
Morro um pouco todos os dias
Nesta prisão de paredes gélidas e escuras
Onde me abandonaste à sorte da raiva e do desespero
Arrancaste-me o brilho do meu olhar
Levaste todo o meu doce sentimento
Entreguei-te todo o meu ser
E agora ele jaz morto neste rio de lágrimas e memórias
Recordo-me dos teus lábios, da tua pele macia
Do teu olhar doce, do teu jeito de criança
Da simplicidade das tuas palavras e do teu mundo
Da areia no teu corpo naquela praia em que te deixei entrar no meu mundo
E do frio da outra praia em que tudo terminou...

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