quinta-feira, junho 30, 2005

critica ao amor à primeira vista:

"claro que acredito no amor à primeira vista, só eu apaixono-me umas 50 vezes por dia."

Decerto que toda a gente se lembra da fotografia mais famosa da capa da National Geographic. A que nos presenteava com uns olhos profundos, quase hipnóticos de uma rapariga Afegã. Steve McCurry captou esse momento e muitos outros mundo fora. Para quem gosta de ver numa fotografia muito mais do que a simples imagem, o seu site é algo a não perder. www.stevemccurry.com

Existe a raiva de não gostarmos de uma coisa, existe a raiva de querermos muito fazer algo, existe a raiva da revolta, existe a raiva da derrota, e existe a raiva de não nos ligarem quando sabemos que estamos certos... Esta última é provavelmente das mais demolidoras do nosso ego, do nosso ser. Quando uma pessoa que temos em alta consideração e de quem gostamos nos nega a possibilidade de nos querer ouvir e acreditar, sentimo-nos humilhados, como se nos tivessem dado a mais forte das surras, só que a dor permanece no interior. Não sou católico praticante, mas suponho que as palavras de Cristo "Feliz é aquele que crê sem ver" deviam ser tomadas em conta quando nos referimos a pessoas que sabemos que só nos querem bem. Pelo menos o benefício da dúvida não?...

Existem alturas na vida em que os nossos sentimentos se transfiguram de um momento para o outro numa questão de segundos.
À medida que desabafo apercebo-me que algo está a mudar em mim. O peso que existia começa a desaparecer e então sinto-me mais leve e livre para conseguir pensar sobre o que realmente sinto. O que é que realmente sinto? Não sei, eu disse que me sentia mais livre para pensar sobre isso, não disse que sabia o que sentia. Os sentimentos é algo que leva o seu tempo a definir. Não nos podemos deixar influenciar pelo calor dos momentos. Sei isso agora. Às vezes queremos tanto uma coisa, queremos tanto que ela aconteça (e depressa!!), que não paramos para pensar um pouco sobre o que realmente estamos a fazer. É bom seguirmos os nossos sentimentos e partilhá-los com outra pessoa. Mas será que a outra pessoa está de corpo e alma connosco? Será que os sentimentos são puros?... Mas o que realmente sinto agora? um vazio, uma libertação e um sentimento que ainda n consegui definir. Mas sinto-me em paz, e sei que, a seu tempo, esse sentimento quererá vir ao de cima. Gostava que fosse amor, mas não o vou forçar, o amor não pode ser empurrado, tem que ser sentido. Mas é certo que gostava, porque gostei de o sentir no passado...

Há uma coisa que prezo muito que é a confiança, claro que não vou dizer que sou perfeito nesta matéria, nenhum de nós é, mas a prova de maior confiança é saber dizer a verdade, sem medos, quando ela nos é pedida frontalmente. A mentira não leva a lado nenhum, e esconder a verdade é como querer tapar o sol com uma peneira, ela acaba sempre por surgir aos poucos, mas por vezes de modos não tão convenientes e que magoam. Quando a confiança, esse fio frágil e estreito é quebrado, é dificil voltar a encontrar as pontas para ligá-las de novo. Resta ter esperança que as pessoas aprendam com os erros e mudem... eu aprendi e mudei, e tu?

No entanto, estou tranquilo, neste momento não me sinto magoado, não sinto rancor ou raiva ou desilusão. Existe sim um pingo de tristeza nas minhas palavras. Por ter perdido algo tão belo como o sentimento que tinha...

Estarei sempre lá para ti... "solos tu y yo, besando las heridas"

"Empezar de nuevo
sin destino y sin tener
un camino cierto que, me enseñe a no perder la fe
y escapar de este dolor sin pensar en lo que fue
¿cuanto aguanta un corazón sin el latido de creer?
En lo bello en la verdad de la esperanza
de esta sed de amar
en los sentimientos que se quedan
sueños que perduran
y busqué y subÍ y fui preso entre las alas del amor
sin distancia y sin recuerdos
en las arenas de esta soledad
Presa de un silencio roto
hijos del amanecer
que nunca alcanzó esa luz, tan confundida en el placer
y cierro los ojos, sólo para comprender
cuánto aguanta un corazón sin el latido de creer"

Arenas de soledad - Habana Blues

terça-feira, junho 28, 2005

Hoje enviaram-me este poema de Mario Cesariny... obrigado Marta *

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

segunda-feira, junho 27, 2005

Poderemos nós encontrarmo-nos num lugar apenas nosso?
Um lugar imaginário e distante em que nos sintamos a salvo de nós próprios.
Longe de tudo o mais, das feridas e das confusões?
Procuraremos esse lugar, meu amor?
Onde possamos falar docemente por entre sussurros
E libertaremos risos ridículos, mas tão naturais.
Onde eu poderei suspirar sabendo que sou apenas eu
E tu és apenas tu, e nos contentamos com essa simplicidade.
E amanhã, onde quer que sozinho eu esteja,
tu, com o mais doce dos olhares, estarás a meu lado.
Pois que cravado na memória me ficou a forma como me olhaste.
Como se naquele momento tudo à nossa volta fosse meras insignificâncias
Comparadas com o simples prazer da troca de olhares.
E beijaste-me... descuido? Talvez... mas soube tão bem,
Repetimos?... just in case..
E redescobrimos juntos sensações adormecidas e outras reprimidas,
Que se escapam incontrolavelmente e adormecemos...
Adormecemos descansando do passado, saboreando cada segundo.

quinta-feira, junho 23, 2005

Mas quem consegue ler isto tudo sem saltar umas linhas?...

Estou naqueles dias de só me apetecer ler Fernando Pessoa, esse meu velho companheiro em negras horas... Navego um pouco por entre as palavras, por vezes revoltadas, outras derrotistas, de Alvaro de Campos:

Não, não é cansaço...

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
E mais umas quantas, simples, apaixonadas e, por vezes, enganosamente "ingénuas", de Alberto Caeiro:

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço,
a figura dela,

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço,
a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a
encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando
me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua
semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso
senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero.
Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.
Se calhar não devia ler, estas coisas ainda metem uma pessoa mais em baixo... mas pronto, já que é pra estar em baixo ao menos que seja a sério... dedico-te o ultimo poema, pois, se tens um post dedicado a mim, eu apresento-te este blog... sim... mesmo aqueles que poderão não estar relacionados contigo (que são poucos), têm lá um pedaço de ti, porque fazes parte de mim...

e assim nasceu o washedinblack:

Sheets of empty canvas.
untouched sheets of clay
were laid spread out before me
as her body once did.
all five horizons revolved around her soul.
as the earth to the sun.
now the air I tasted and breathed has taken a turn.
and all I taught her was everything.
I know she gave me all that she wore.

And now my bitter hands
shade beneath the clouds
of what was everything?
All the pictures have all been washed in black.
Tattooed every day.

I take a walk outside.
I'm surrounded by some kids at play.
I can feel their laughter, so why do I sear?
and twisted thoughts that spin around my head.
I'm spinning. Oh, I'm spinning.
How quick the sun can drop away.

And now my bitter hands cradle broken glass
of what was everything?
All the pictures have all been washed in black. Tattooed everything.
All the love gone bad turned my world to black.
Tattooed all I see. All that I am. All I'll ever be...

I know someday you'll have a beautiful life.
I know you'll be a star in somebody else's sky but why, why, why can't it be, oh, can't it be mine?

percebes? é tudo por ti... um beijo

quarta-feira, junho 22, 2005

Sem palavras...

Será, meu amor, que com cem palavras te conseguirei explicar a imensidão de amar?
Será que te farei perder por um mar de adjectivos, verbos e advérbios, que nada para ti significam?
Será que a palavra amor, tantas vezes cuspida pelas almas de tamanhos insensatos, nos soa banal?

Cometerei alguma injúria de denominar o meu amor de "dor"?

Será isso então o amor? uma dor inconstante, num vai e vem de angústias?
Será então que me devo sentir feliz de termos saboreado a paz, ou abatido por a termos perdido?
E assim me perco nas palavras, essas que sempre nos acompanharam, mas que, agora sem ti, decerto se silenciarão. Ficará, o meu amor por ti, sem palavras...

quarta-feira, junho 08, 2005

sabes, é só porque penso em ti...
se tenho certas atitudes, se digo coisas que não gostas, é porque estou zangado com o tempo.
Com o tempo e com o espaço, que nos separa assim desta forma impiedosa e intransigente.
Não me culpes de não gostar de ti. Culpa-me de pensar em ti quando está comigo e pensar ainda mais quando está longe... Culpa-me de não querer aceitar as barreiras que nos impõem. Não me quero remeter ao silêncio, quero falar, dizer o que sinto, lamento que isso te magoe, mas também estou magoado. Ferido pela lança da ausência e esmagado pela distância ke nos separa.
E tudo, só porque penso em ti...

sexta-feira, junho 03, 2005

De um ano, 4 estações.
De uma alma tantos abismos,
Da queda no desejo
De viver morrendo,
De sentir que não sei o que sinto,
Como anseio acordar e voltar a mim,
Devolve-me o meu passado...
Enquanto agarro no lápis num desabafo
e escrevo palavras... apenas... palavras...

Vem caminhar a meu lado por momentos cravados em mim, por lugares meus, onde o vento sopra distante e o tempo parece morto, e só assim sentirás a minha solidão... Deixa que este ar sem aroma te conduza à essência do meu ser, e aí, por meio de memórias esquecidas e vontades derrubadas, descubras o brilho que me falta. A causa da melancolia que jorra das minhas palavras...

E se eu te dissesse que me encontro perdido em mim mesmo? Levarias-me para longe deste ser inerte e sem forças, para longe deste tempo e deste lugar gasto de desilusões e derrotas? Tantas foram as palavras que ficaram por dizer. Tantos foram os momentos errados, os lugares mal escolhidos, os sentimentos reprimidos. Sinto as minhas forças a abandonarem o meu corpo para um lugar cada vez mais difícil de alcançar, estou a perder uma batalha contra mim mesmo...

E escondo-me no silêncio... esse eterno aliado de quem foge, de quem procura um efémero descanso que antecede a derrota, esse único elemento que não nos condena, mas que alimenta a descida à escuridão abismo. Na noite, em todos os seus objectos de marcados de ébano, tudo parece traiçoeiramente pacífico, como se o que conhecemos de dia esperasse no silêncio e escuro da noite para nos derrubar, para nos impedir de avançar.

Devolve-me a minha vontade, a vontade de percorrer o meu caminho, para que te possa mostrar quem sou, para me libertar destas correntes que me prendem ao solo. Para que vejas em mim mais do que uma sombra, aquele olhar fugidio, escondido por detrás de um manto de nevoeiro denso, cravado num horizonte inexistente, num momento sem passado, presente ou futuro...