sexta-feira, junho 03, 2005

Vem caminhar a meu lado por momentos cravados em mim, por lugares meus, onde o vento sopra distante e o tempo parece morto, e só assim sentirás a minha solidão... Deixa que este ar sem aroma te conduza à essência do meu ser, e aí, por meio de memórias esquecidas e vontades derrubadas, descubras o brilho que me falta. A causa da melancolia que jorra das minhas palavras...

E se eu te dissesse que me encontro perdido em mim mesmo? Levarias-me para longe deste ser inerte e sem forças, para longe deste tempo e deste lugar gasto de desilusões e derrotas? Tantas foram as palavras que ficaram por dizer. Tantos foram os momentos errados, os lugares mal escolhidos, os sentimentos reprimidos. Sinto as minhas forças a abandonarem o meu corpo para um lugar cada vez mais difícil de alcançar, estou a perder uma batalha contra mim mesmo...

E escondo-me no silêncio... esse eterno aliado de quem foge, de quem procura um efémero descanso que antecede a derrota, esse único elemento que não nos condena, mas que alimenta a descida à escuridão abismo. Na noite, em todos os seus objectos de marcados de ébano, tudo parece traiçoeiramente pacífico, como se o que conhecemos de dia esperasse no silêncio e escuro da noite para nos derrubar, para nos impedir de avançar.

Devolve-me a minha vontade, a vontade de percorrer o meu caminho, para que te possa mostrar quem sou, para me libertar destas correntes que me prendem ao solo. Para que vejas em mim mais do que uma sombra, aquele olhar fugidio, escondido por detrás de um manto de nevoeiro denso, cravado num horizonte inexistente, num momento sem passado, presente ou futuro...

1 Comentários:

At 10:34 da manhã, Blogger scelta disse...

Oh não fales em solidão. Eu estou aqui!

E a solidão deve ser encarada positivamente, não para pensarmos em abismos e escuridões. A solidão é aquele momento que nos deixa reflectir,e reflectir faz bem (mas só de vez em quando ;D).

 

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