quinta-feira, junho 30, 2005

Existe a raiva de não gostarmos de uma coisa, existe a raiva de querermos muito fazer algo, existe a raiva da revolta, existe a raiva da derrota, e existe a raiva de não nos ligarem quando sabemos que estamos certos... Esta última é provavelmente das mais demolidoras do nosso ego, do nosso ser. Quando uma pessoa que temos em alta consideração e de quem gostamos nos nega a possibilidade de nos querer ouvir e acreditar, sentimo-nos humilhados, como se nos tivessem dado a mais forte das surras, só que a dor permanece no interior. Não sou católico praticante, mas suponho que as palavras de Cristo "Feliz é aquele que crê sem ver" deviam ser tomadas em conta quando nos referimos a pessoas que sabemos que só nos querem bem. Pelo menos o benefício da dúvida não?...

Existem alturas na vida em que os nossos sentimentos se transfiguram de um momento para o outro numa questão de segundos.
À medida que desabafo apercebo-me que algo está a mudar em mim. O peso que existia começa a desaparecer e então sinto-me mais leve e livre para conseguir pensar sobre o que realmente sinto. O que é que realmente sinto? Não sei, eu disse que me sentia mais livre para pensar sobre isso, não disse que sabia o que sentia. Os sentimentos é algo que leva o seu tempo a definir. Não nos podemos deixar influenciar pelo calor dos momentos. Sei isso agora. Às vezes queremos tanto uma coisa, queremos tanto que ela aconteça (e depressa!!), que não paramos para pensar um pouco sobre o que realmente estamos a fazer. É bom seguirmos os nossos sentimentos e partilhá-los com outra pessoa. Mas será que a outra pessoa está de corpo e alma connosco? Será que os sentimentos são puros?... Mas o que realmente sinto agora? um vazio, uma libertação e um sentimento que ainda n consegui definir. Mas sinto-me em paz, e sei que, a seu tempo, esse sentimento quererá vir ao de cima. Gostava que fosse amor, mas não o vou forçar, o amor não pode ser empurrado, tem que ser sentido. Mas é certo que gostava, porque gostei de o sentir no passado...

Há uma coisa que prezo muito que é a confiança, claro que não vou dizer que sou perfeito nesta matéria, nenhum de nós é, mas a prova de maior confiança é saber dizer a verdade, sem medos, quando ela nos é pedida frontalmente. A mentira não leva a lado nenhum, e esconder a verdade é como querer tapar o sol com uma peneira, ela acaba sempre por surgir aos poucos, mas por vezes de modos não tão convenientes e que magoam. Quando a confiança, esse fio frágil e estreito é quebrado, é dificil voltar a encontrar as pontas para ligá-las de novo. Resta ter esperança que as pessoas aprendam com os erros e mudem... eu aprendi e mudei, e tu?

No entanto, estou tranquilo, neste momento não me sinto magoado, não sinto rancor ou raiva ou desilusão. Existe sim um pingo de tristeza nas minhas palavras. Por ter perdido algo tão belo como o sentimento que tinha...

Estarei sempre lá para ti... "solos tu y yo, besando las heridas"

"Empezar de nuevo
sin destino y sin tener
un camino cierto que, me enseñe a no perder la fe
y escapar de este dolor sin pensar en lo que fue
¿cuanto aguanta un corazón sin el latido de creer?
En lo bello en la verdad de la esperanza
de esta sed de amar
en los sentimientos que se quedan
sueños que perduran
y busqué y subÍ y fui preso entre las alas del amor
sin distancia y sin recuerdos
en las arenas de esta soledad
Presa de un silencio roto
hijos del amanecer
que nunca alcanzó esa luz, tan confundida en el placer
y cierro los ojos, sólo para comprender
cuánto aguanta un corazón sin el latido de creer"

Arenas de soledad - Habana Blues

1 Comentários:

At 10:19 da manhã, Blogger scelta disse...

A incompreensão e a cegueira das pessoas que amamos, quando lhes queremos contar algo que elas não estavam à espera... é é dolorosa. Mas é para isso que contamos com os amigos, para nos lavarem os olhos quando só vemos merda...

Beijinhos...

 

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