sábado, março 07, 2009

Dá-me um pouco da tua noite e encontrar-me-ei algures no teu dia
Saberias ficar? Vieste e quebraste-me. Regressaste numa pálida face de cansaço
Apagaste o vento e escreveste com tintas doces o suave amanhecer do teu sorriso.
Procurei-te nas noites que guardo. Nas memórias das palavras. No triste passado em que fomos felizes.
Mas já não encontro o teu aroma. Queimei o teu retrato nos largos dias que nos separam.
E assim ficaremos, um estória inacabada, presa num tempo esquecido.
Quiseste nascer assim na luz de uma noite qualquer e morrer na brisa quente de uma memória.

Como desejar o vazio
Das suplicas perdidas
Como me prender
Em versos arrancados

Ficaremos no escuro
Não teremos destino
Partilhámos um tempo
Queimámos as palavras

Do que nada resta
Procuro fugir
Do que tentas dizer
Nada me diz

Corro e percorro
Serás tu
Será o longe do teu riso
Não é meu

Foste e nunca fomos
Serás mas não comigo
Resto eu, aqui, cansado...

sexta-feira, março 06, 2009

Vejo-te partir

Fala-me de ontem, do tempo que não foi
Fala-me do ser que nunca fomos
Tentamos sem tentar pois sou eu quem o faz
Serei eu um todo nós que nunca nasceu
Mas que morrerá sem o saber
Serás tu um nada que sonhei ser tudo
Mas que à realidade retornará?
Tornarás a chegar, mas não por mim
Senão por um outro calor.
Escutando não me ouves;
Observando não me vês.
Aqui estou, quebrado pelo silêncio
Das palavras que não ouso.
Tentarás então num olhar...
Que significado vão em ti
Me atormenta o ser
E, assim, na insónia incerteza
Vejo-te partir...

quinta-feira, março 05, 2009

Tento privar-me de viajar no teu olhar
E vou seguindo o caminho contrário o meu desejo
Por entre sonhos quebrados e silêncios impostos
Sou uma palavra esquecida que não pronuncias
Sou a sombra ausente...

Sussurro-te um grito doce, incapaz de te alcançar
Deixo que te afastes, nada nos prende
Despidos de memórias, rumo a novos lugares
Perdidos no vazio de ser quem sou

quarta-feira, março 04, 2009

Longe

Sinto a fraqueza dos meus braços
Sinto a impotência das minhas mãos
Pelo desejo de te abraçar,
Por querer percorrer teu corpo...

Meus olhos ardem sem a tua visão.
Meu peito estala pela distância
E eu sufoco sem sentir a tua respiração,
Sem tocar o teu rosto de seda...

Anseio a tua presença, o teu perfume...
Escrevo solitário em folhas silenciosas
Palavras retóricas, sentimentos doces e irrequietos
Como se desabafar quisesse, sem contar a ninguém

sexta-feira, agosto 11, 2006

Desenho ainda novas palavras
Na cor imperfeita do meu caderno.
Longos traços arrancados
Violentamente da minha memória.
Fecho mais uma porta.
E afasto-me de mim.
Ouço-te chamar... Cansada,
Ao longe, clamas os teus desejos
Ao vento, ao mar...
Respondo-te em silêncio,
Como uma súplica.
Também eu anseio o descanso.

terça-feira, abril 11, 2006

Mais um horizonte queimado pela saudade...

Sinto as rajadas de vento
Na face do meu amor.
Deslizas tuas mãos frias,
Por entre estranhos retratos
De uma vida sem calor.

Falas num suspiro condenado,
E destróis as palavras
De um livro sem autor

E se de tudo restar apenas um ardor...
Cairás uma vez mais
E levarás contigo essa tua manhã
Essa tua luz, tão vaga e tão vã,

No aperto de mais uma viagem...

domingo, abril 09, 2006

Dois momentos

O dia chega, misturando-se na
Velha Noite, esse negro manto
Onde revejo as tuas fatais palavras

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Embalas o vento da saudade.
Desenhas nos meus olhos o desejo.
Caminhas na melodia da noite.